O Salão do Automóvel de São Paulo, que aconteceria em novembro deste ano, foi adiado para 2021, informou a associação das montadoras, a Anfavea, nesta sexta-feira (6). A nova data para o próximo ano, no entanto, ainda não foi definida.
“Tudo está na mesa”, disse Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea. A entidade informou que debate sobre a nova data, o formato e até o local do evento.
A decisão acontece depois de uma série de desistências de montadoras, como a líder de vendas, Chevrolet, além de Toyota e Hyundai.
Desde janeiro, quando BMW e Mini afirmaram que não participariam do evento, outras 12 marcas anunciaram atitude semelhante.
Em 2020, o Salão do Automóvel completa 60 anos.
“Queremos manter esse publico, o fã do carro, que gosta do carro, que quer tirar foto… Não podemos perder isso”, afirmou Moraes.
De acordo com a Anfavea, as montadoras têm um custo estimado de R$ 250 a R$ 300 milhões com a realização do Salão do Automóvel. O custo está ligado ao pagamento para a organizadora do evento (Reed Exhibitions), estandes, serviços e até mesmo gastos com celebridades que promovem os produtos.
“Em conjunto com a Reed, tomamos a decisão de adiar a edição do Salão de 2020 para reduzir custos e termos tempo de avaliar novos formatos”, completou Moraes.
Declínio dos salões
O movimento de saída de marcas do evento não é novo — só que até então não incluía as gigantes do mercado brasileiro.
O esvaziamento gradual dos salões do automóvel nem é exclusivo de São Paulo – Frankfurt, Detroit e Paris, que estão entre os principais do calendário mundial, têm sofrido com a debandada de marcas.
Neste ano, o surto do novo coronavírus também derrubou o Salão de Genebra, na Suíça, que aconteceria neste mês e foi cancelado às vésperas, pelo risco existente em aglomerações. O mesmo aconteceu com o Salão de Pequim.
A maioria das montadoras que opta por deixar de participar destes eventos tradicionais alega que o custo-benefício não compensa e que preferem investir em “experiências” próprias junto aos clientes.
O Salão Duas Rodas 2019 também sofreu com a ausência de grandes montadoras. BMW, Dafra, Ducati e Harley-Davidson ficaram de fora de edição passada, mas participaram do Festival Duas Rodas, um evento paralelo com foco em experimentação.
Quanto custa participar?
O G1 apurou que os custos com estandes, para o evento paulistano, variam de cerca de R$ 4 milhões, para as fabricantes menores, até mais de R$ 20 milhões, no caso das líderes de mercado.
A Reed afirma que cerca de 15% do que é gasto por uma montadora no salão vão para a organizadora, que é responsável por locar os espaços no pavilhão e fornecer infraestrutura, como energia elétrica.
Do restante, cerca de 45% vão para a montagem do estande – e isso inclui não apenas pisos elevados, grandes painéis de LED, mas também estruturas que o público não costuma ver – como áreas VIP e salas de reunião.
Por fim, os 40% finais ficam com custos de logística, como transporte dos carros, gastos com bufê e funcionários (recepcionistas e modelos).
Salão ou feirão?
A organização tentará adotar outras estratégias para continuar sendo um sucesso de público – nas últimas edições, o evento sempre tem atraído cerca de 700 mil pessoas, se colocando entre os maiores do mundo nesse quesito.
A aposta em mobilidade já não é novidade – na última edição, foram realizados 45 mil test-drives. Em 2020, não será surpresa se o público puder comprar um carro logo depois de dar uma voltinha em algum modelo.
O molde, nesse caso, é outra feira que acontece em São Paulo: a Fenatran, exposição de veículos comerciais, vista como um evento de negócios por fabricantes e visitantes.
“Salão pode vender carro”, disse Leandro Lara, diretor de do portfólio de mobilidade da Reed, organizadora do evento, ao G1, em fevereiro. “O que tem que ser respeitada é a regulamentação, como ter um concessionário operando a venda. Estamos estudando formas de como isso pode ser feito”, completou.
Fonte: G1