Esquema revelado pelo Ministério Público trocava gasolina por nafta, produto usado no setor petroquímico

A Operação Arinna, que mira esquema de adulteração de combustíveis, cumpre na manhã desta segunda-feira (15) quatro mandados de busca e apreensão na região de São Carlos. Dois investigados ficam na cidade de Ibaté e outros dois em Ribeirão Bonito, segundo o Ministério Público.

A operação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organização do Ministério Público (Gaeco), a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

Segundo a investigação, o esquema de adulteração teria possibilitado à organização criminosa investigada sonegar tributos federais estimados em R$ 270 milhões.

Esta segunda etapa da operação decorre da análise dos dados fiscais e bancários que tiveram o sigilo levantado por decisão judicial. O exame das informações permitiu identificar o caminho percorrido pelo dinheiro, desde os financiadores do esquema investigado até os principais beneficiários desses recursos.

Apurou-se que as empresas Sun Energy Indústria e Comércio, Importador e Exportador de Lubrificantes e Aditivos Eireli e Confidence Trading Comércio, Importação e Exportação de Produtos Químicos Eireli, alvos da primeira fase da operação, comercializaram, aproximadamente, R$ 82 milhões de nafta.

As duas companhias obtinham autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para aquisição de nafta petroquímica sob a justificativa de que o produto seria utilizado como insumo pela indústria.

Mediante cruzamentos realizados, foi possível visualizar que as aquisições de nafta estavam sendo financiadas por pessoas e empresas vinculadas ao setor de combustível. Segundo o Gaeco, essa substância desperta interesse de organizações criminosas em razão da sua composição química ser muito semelhante à da gasolina e por ter um custo menor para fins de adulteração.

A investigação aponta que o principal financiador do “esquema”, que também figura como um dos grandes devedores da Fazenda Nacional e do Estado de São Paulo, para permanecer oculto nas operações de importação e comercialização dos produtos citados, utilizou contas de terceiros, as quais acolheram créditos superiores a R$ 490 milhões no transcorrer de três anos. Estima-se que todos os investigados na segunda fase tenham movimentado R$ 4,8 bilhões.

Nesta segunda, estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão. Participam da operação sete promotores de Justiça, 15 auditores fiscais, seis analistas tributários e mais de 90 policiais rodoviários federais nas cidades de Valinhos, Paulínia, Araraquara, Cocalinho (MT) e Cuiabá (MT), além de Ibaté e Ribeirão Bonito, municípios da região.

Segundo o Ministério Público, o nome da operação é uma referência à deusa do sol da extinta civilização hitita.