Paulínia passará a devolver pacientes com baixo risco de gravidade clínica para os seus municípios de origem. Ontem, a Secretaria de Saúde da cidade informou, em nota, que deve implantar no Hospital Municipal de Paulínia (HMP), dentro de 30 dias, uma ação para disponibilizar transporte aos moradores de outras localidades. A ideia é que, após o primeiro atendimento no Pronto-Socorro, esses pacientes continuem a receber o auxílio em suas respectivas cidades, nas unidades de saúde pertinentes.

“O objetivo é priorizar, agilizar o atendimento e qualificar a assistência às pessoas que residem em Paulínia”, diz trecho da nota. Segundo a pasta, a maior parte dos usuários de outras cidades vem de Sumaré, Campinas, Hortolândia e Cosmópolis.
Luís Carlos Casarin, secretário de Saúde de Paulínia, ressalta que não serão negados os atendimentos de urgência às pessoas que vierem de outros municípios. Após os primeiros cuidados no PS, entretanto, serão ‘devolvidos’ os pacientes classificados como “verde” ou “azul” — baixo risco de gravidade clínica.

Um servidor (motorista) da Saúde deve ser remanejado para desempenhar a função, evitando novas contratações, em um primeiro momento. Posteriormente, haverá uma análise que determinará a necessidade ou não de mais veículos e ampliação de colaboradores para esse fim. Casarin relatou que o Pronto-Socorro do HMP realiza, atualmente, entre 700 e 800 atendimentos diários, um número superior às características do serviço.

“Em números absolutos, se atendemos 200 pessoas de municípios da região por dia, por exemplo, observamos um grande impacto, especialmente no tempo de espera dos atendimentos”, disse o secretário. O fluxo e os critérios para o funcionamento, entre outros detalhes, estão sendo elaborados entre a Secretaria de Saúde e a direção do HMP. “Sabemos que o período de maior procura do PS é o noturno nos primeiros dias da semana”, afirmou Casarin.

O secretário ressaltou, porém, que pacientes que correm risco de morte ou casos de emergência, serão atendidos normalmente no PS, conforme determina a legislação, e que tais medidas também serão discutidas junto aos municípios vizinhos.

“A elaboração de tal ação está baseada no fato de que atualmente, do total de atendimentos diários no Pronto-Socorro do HMP, entre 30 a 35%, em média, correspondem a moradores de outras cidades da região. Queremos reduzir esse impacto em nosso PS e priorizar a comunidade local”, explicou o prefeito Antonio Miguel Ferrari (DC), o Loira. Cesarin disse na semana passada, que conseguiu zerar os leitos da internação para pacientes de fora no HMP.

Cadastro
Na mesma linha de priorização aos moradores da cidade de Paulínia, a Administração Municipal implantou a Central de Abertura de Prontuários (CAP), que está visitando pessoas que vão até as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para abrir cadastros. Criado há aproximadamente 30 dias, a CAP já identificou 21 pessoas que não conseguiram comprovar residência. Paulínia tem em torno de 106 mil habitantes, segundo a última estimativa populacional realizada em meados de 2018, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 223 mil cadastros em UBSs.

Ministério
O Ministério da Saúde esclarece que, como determina a Constituição Federal, o acesso ao SUS é universal e gratuito em todo o País. O gestores locais (secretarias municipais e estaduais) devem prover a assistência de acordo com o perfil epidemiológico e necessidades da população, articulando as redes de atenção entre os municípios, de acordo com pactuações. E, dessa forma, buscando garantir o acesso por meio de fluxos de regulação previamente definidos.

Medida provoca debates e divide opiniões na cidade
A notícia da implantação da medida gerou debate na página da Prefeitura de Paulínia no Facebook, evidenciando também que a possível nova sistemática não ficou clara para a população. Em menos de 24 horas, foram registradas centenas de comentários. A professora Claudia Amaral, que reside em Campinas, mas trabalha em Paulínia, segundo dados do seu perfil nessa rede social, publicou que o Pronto-Socorro não pode negar atendimento de emergência, o que de fato não ocorrerá segundo a Administração Municipal

Já Creonice Silva, que mora em Paulínia, questiona o que fazer caso um parente, de outro município, passe mal em sua casa. A educadora física Eunice Mendonça de Paula, também residente de Paulínia, defende e classifica a iniciativa como “excelente”. De acordo com Eunice, um sistema idêntico a esse foi implementado em São Bernardo do Campo e rendeu ao hospital um título de referência em atendimento.

A Secretaria de Saúde de Paulínia informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que nos últimos 15 dias, usuários do sistema de Saúde de Paulínia, residentes do próprio município, foram entrevistados: 70% aprovaram a mudança.