A Prefeitura de Campinas divulgou na manhã desta sexta-feira (10) o primeiro inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE) junto com os municípios da RMC (Região Metropolitana de Campinas). O estudo incluiu os 20 municípios da RMC e levantou a quantidade de gases de efeito estufa emitidos na região e quais os setores mais poluentes.

O estudo revelou que Paulínia é a que mais emite gases poluentes na região, com 12 mil toneladas de NOx (óxidos de nitrogênio) e SO2 (dióxido de enxofre). “Fica muito evidente a diferença de perfil entre Paulínia e Campinas (segunda maior emissora). Paulínia é muito industrializada, pois tem a questão da refinaria”, disse o secretário de Meio Ambiente de Campinas, Rogério Menezes.

Já Campinas lidera em monóxido de carbono, que é causado pela frota de veículos de passeio. São 10 mil toneladas de CO, parte delas vinda dos mais de 800 mil veículos que circulam na cidade. O estudo foi feito pela empresa WayCarbon e os dados coletados em 2016.

MEDIDAS

Com esses dados, foram propostos 33 projetos que serão feitos na região a médio e longo prazo para melhorar e minimizar os efeitos nocivos e assim melhorar a qualidade do meio ambiente. Segundo o inventário, a cidade de Paulínia lidera a emissão de poluentes na RMC. Seguida por Campinas, Jaguariúna, Sumaré, Indaiatuba e Americana.

De acordo com o estudo, a RMC apresenta um cenário com forte tendência de aumento nas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) e de poluentes atmosféricos.

O inventário é o primeiro do Brasil a ser regional. Cidades como São Paulo e as da região do ABC elaboraram esses levantamentos, mas de maneira específica ou abrangendo poucos municípios ao redor, sem levar em conta toda a região metropolitana.

“Fizemos uma articulação política com os 20 prefeitos da RMC. Antes, não havia uma região metropolitana no Brasil que se comparasse a estudos de regiões metropolitanas internacionais. Isso é um pontapé inicial, pois agora precisamos fazer um plano de ação. Temos metas a cumprir”, disse Menezes.

PRAZOS

As metas têm prazos ao longo dos próximos anos, sendo as datas de 2020 a 2025, 2030, 2040, e 2060 para cada setor energia, agricultura, transporte, indústria e resíduos. “A mudança climática não é uma teoria, ela vai acontecer e as cidades terão que lidar com isso. Então destaco o protagonismo da RMC”, afirmou o secretário.

As metas mostram que será necessária a reconstrução das infraestruturas urbanas, principalmente substituindo combustíveis fósseis e o incentivo à mobilidade urbana. Em Campinas, a Prefeitura já prevê no próximo edital de concessão de ônibus urbanos uma gradativa transição de substituição de ônibus a diesel para elétricos.

Caso as metas sejam de fato cumpridas, a projeção é que Campinas fique abaixo em 2 graus na emissão de gases estufa comparado ao cenário projetado mundialmente pelo IPCC (Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Campinas estaria em 2060, então, com menos de 10 mil toneladas de emissão de gases de efeito estufa. Se nada for feito, o número passaria de 30 mil toneladas. “Fazer nada não é uma opção”, disse Menezes.