A Câmara de Campinas aprovou ontem à noite a instauração de uma Comissão Processante (CP) que pode cassar o prefeito Jonas Donizette (PSB). Foram 32 votos favoráveis e apenas uma ausência, do vereador Carmo Luiz (PSC). Jonas será investigado por eventuais responsabilidades nas denúncias envolvendo o Hospital Ouro Verde. Os trabalhos da CP terão duração de 90 dias, tempo para elaboração de um relatório final que será votado no plenário da Câmara.

Antes da sessão, Jonas até exonerou dois secretários para reforçar sua base governista na votação, mas Luiz Yabiku (PSB), então Secretário de Trabalho e Renda, e André Von Zubem (PPS), que estava à frente da pasta de Desenvolvimento Econômico e Social e Turismo, votaram a favor da abertura da CP ao retornarem às suas cadeiras no Legislativo. Nos bastidores, o comentário geral foi de que os parlamentares aliados a Jonas votariam a favor da abertura da CP por terem consciência da maior probabilidade de ficar no controle da comissão — são 27 vereadores da base e apenas seis da oposição.

Após sorteio, a comissão acabou sendo formada portrês parlamentares de partidos que compõem o governo Jonas Donizette: Luiz Cirilo (PSDB), na presidência; Gilberto Vermelho (PSDB), como relator; e Filipe Marchesi (PR), como terceiro membro. Todos eles, no entanto, se comprometeram a investigar todas as denúncias com imparcialidade. “Li quase todo o processo de 200 páginas no fim de semana e posso garantir que atuaremos para o povo de Campinas. Queremos que todos culpados sejam punidos”, afirmou Marchesi.
“Acho que hoje (ontem) os vereadores se posicionaram com a responsabilidade que a cidade esperava e teremos as condições de buscar no relatório toda imparcialidade possível”, acrescentou Vermelho. De acordo com Luiz Cirilo, os trabalhos da CP terão início assim que Jonas for notificado. “O primeiro passo será notificar o prefeito sobre a decisão. Só então a comissão é instaurada e tem o prazo de três meses para investigar o caso e ouvir as testemunhas de defesa e acusação”, explicou.

Autor do pedido de CP, o vereador Marcelo Silva (PSD) demonstrou confiança no rumo das investigações — como denunciante, ele poderá acompanhar os trabalhos de perto. “Confio nesta comissão. É composta por vereadores que já se posicionaram anteriormente como vereadores independentes”. Segundo o secretário de Comunicação de Campinas, Luiz Guilherme Fabrini, o prefeito Jonas Donizette está à disposição da Câmara para prestar todos os esclarecimentos necessários.

Jonas será investigado por eventuais responsabilidades ou omissões no escândalo denunciado pelo Ministério Público que aponta o desvio de R$ 7 milhões envolvendo o convênio entre a Organização Social (OS) Vitale e o Hospital Ouro Verde entre junho de 2016 e novembro de 2017. O Operação Ouro Verde chegou à sua terceira fase na última quinta-feira, quando sete pessoas foram presas.