Um eventual rompimento da barragem da Represa de Salto Grande, em Americana, poderia deixar 11 pontos da cidade, podendo até ilhar trechos nas cidades à jusante, às margens do rio (Santa Bárbara e Piracicaba).
É o que aponta um plano de emergência elaborado pela CPFL Renováveis, entregue à Defesa Civil de Americana, em cumprimento à Política Nacional de Segurança em Barragens.
De acordo com o relatório, as áreas impactadas em caso de rompimento seriam as que ficam às margens do Rio Piracicaba.
Esses locais são descritos como Zona de Auto Salvamento (ZAS) e contemplam as captações de água de indústrias, áreas de lazer industriais, estacionamentos de indústrias e um condomínio industrial, cuja onda de inundação poderia atingir completamente.
Todos os pontos mapeados pela concessionária no Plano de Ação de Emergência (PAE) estão localizados no município, mas a Defesa Civil de Americana não informou o número de pessoas que trabalham ou circulam pelos locais de risco.
Apesar da existência do risco, o engenheiro civil Edinei Rogério Monquero, de Americana, afirma que é improvável que um eventual rompimento da barragem da Represa de Salto Grande possa “varrer a cidade ou vizinhas do mapa”, como já se ventilou em reportagens e postagens irresponsáveis nas redes sociais. Mas ele pede atenção especial com a situação, sobretudo após a recente tragédia em Brumadinho.
“Falar em rompimento de barragem de água com vertedouro de concreto armado e aterros com taludes de montante <CF461>(antes)</CF> e de jusante (<CF461>depois</CF>) da água é completamente diferente de rompimento de barragem de rejeito de minérios, que não possuem vertedouros. Uma barragem de água dificilmente vai romper como o que vimos nas imagens de Brumadinho, caindo tudo praticamente de forma instantânea”, comparou.

O estrago, diz, seria proporcional em função do tamanho do rompimento, provocando aumento de vazão no rio abaixo, e que iria se diluindo em função da distância. O rompimento total do trecho de concreto com o vertedouro, afirma, que no caso de Americana possui aproximadamente 150m de comprimento, é muito pouco provável, a não ser que as questões de manutenção do local sejam relaxadas de maneira muito extrema.
No caso mais drástico de um rompimento em Americana, o engenheiro civil projeta que a altitude média da água na Represa de Salto Grande seja de 535m, capaz de se transformar num “tsunami” que pode prejudicar bairros ás margens do Rio Piracicaba. Oss estragos chegariam, no caso, a pontos de Santa Bárbara e Piracicaba, cidades à jusante.

Sem licença
Operando sem a regularização do licenciamento ambiental há cinco anos, a PCH (Pequena Central Hidrelétrica) de Americana é alvo de um inquérito civil do MP (Ministério Público) instaurado esta semana para investigar a segurança da barragem, na Represa de Salto Grande.
Além de apurar a existência e a respectiva validade da licença ambiental e de outorga (do direito) de usar a água do barramento, o inquérito vai investigar as condições de segurança da represa – que foi classificada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) como de “Alto Risco” no “Relatório de Segurança de Barragens”, publicado em 2017.